Parábola da Moeda Perdida

“— Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma delas, não acende a lamparina, varre a casa e a procura com muito empenho até encontrá-la? E, quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: “Alegrem-se comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido.” Eu afirmo a vocês que a mesma alegria existe diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende..” Lucas 15:8-10

Esta é a segunda figura do tríptico. A moeda era um dracma, uma moeda de prata grega, que só é mencionada aqui no Novo Testamento e que era aproximadamente equivalente ao pagamento de um dia de trabalho manual. Esta moeda era provavelmente parte de uma fileira de moedas que formavam uma grinalda, indicando que a mulher era casada. Perder uma parte desse artefato era como perder uma pedra de uma aliança de casamento. A mulher ilustra a obra do Espírito Santo, cujo ministério é garantir que cada um daqueles que pertencem ao noivo (isto é, Jesus Cristo) esteja presente no casamento. Cada moeda estará em seu lugar. Cada um deles é valioso para Ele.

Se na parábola da ovelha perdida vemos simbolizada a ternura de Deus por nós, aqui, nesta parábola podemos ver através da diligência e o cuidado daquela mulher, um quadro de zelo divino. Talvez falasse para o grupo de mulheres que tinham pouca ou nenhuma experiência na procura de ovelhas, mas intimamente, acostumadas com o espaço de sua casa. E assim como na parábola da ovelha perdida apresenta uma característica com um profundo significado espiritual, assim também como a relação daquela mulher e sua moeda. A ovelha se desgarrou do aprisco e aqui a moeda perdeu-se , foi perdida, em casa por sua dona, seja devido ao seu relapso, desatenção, falta de cuidado ou acidente acabou perdida.

Perder-se em casa! Isso abre a possibilidade de uma alma perder-se em casa, seja num lar cristão, ou mesmo dentro de uma igreja. Será que não convivemos com alguém que esteja, tal aquela dracma, perdido seja em nossa casa ou na igreja a que somos filiados? Talvez sejamos nós próprios os perdidos! Quem não deixa o que está fazendo para procurar um dinheiro dado como perdido em sua casa? A dracma sendo um pagamento por um dia de trabalho, trazendo para nossos dias, onde a jornada diária ficaria entre R$ 50 e R$ 100,00, seria uma perda não desprezível.

Parece que o Senhor está falando diretamente à liderança religiosa, e seu sistema cheio de leis, normas, ordenanças e regras, de que eles deveriam considerar melhor os grupos vulneráveis da comunidade a que deveriam servir, ao invés de se trancarem dentro de seus palácios. Que se faz necessário olhar mais de perto as necessidades da sua comunidade. Para preservação, não importa tanto separar-se dos pecadores e deixá-los perdidos, já que pecadores somos todos, mas que o importante é ser encontrados pelo zelo de Jesus Cristo e ser conduzido por Ele ao Seu grupo.

A dracma perdida era parte integrante de uma grinalda, presente do noivo, representava seu compromisso público perante a sociedade local, de que entre os dois havia uma aliança que se consumaria logo mais. Mulheres palestinas pobres recebiam como dote de casamento dez dracmas que simbolizava a aliança de compromisso, essas moedas formariam uma grinalda. Se não apresentavam um valor monetário alto, seu valor sentimental era grande, pois seria essa grinalda que seria colocada sobre a cabeça da mulher. Quando ela saía de casa, essa grinalda fazia parte de sua indumentária. Nessa peça em questão, havia dez dracmas, e se estivesse incompleto, ela não poderia usá-lo, o que representaria um risco ao compromisso assumido com o noivo. Perder uma dessas moedas seria extremamente penoso, sem contar que sair com a grinalda incompleta seria motivo de vergonha certa para aquela mulher judia do século I.

A igreja de hoje, infelizmente, nem pode ser comparada com aquela mulher, hoje a igreja se apresenta com valores perdidos, incompleta diante do compromisso assumido diante do Noivo. Mas como resgatar esses valores, que parecem ter sido sufocados pelas pautas mundanas atuais? Como recuperar a honra perante um mundo que chafurda em lama de pecado e tem a ousadia de apontar o dedo infecto e nojento para nós, graças às práticas espúrias, à corrupção generalizada, e a avidez pelo poder dos lideres religiosos desta terra?

Jamais deveríamos correr o risco de desprezar aqueles, que como a dracma da parábola, encontra-se extraviada, porque o Senhor a busca. Não se trata apenas de uma “dracma” que o mundo até despreza, mas o valor não está em que se perdeu, mas em Quem o encontra. Há festa no céu pois, assim como aquela mulher da dracma tanto se alegrou por encontrar a sua moeda, somos de Deus, feitos por Ele, há festa porque algo que Lhe pertence por direito, foi encontrado.

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